
Um semestre se passou depois de nosso primeiro Boletim do INCT Caleidoscópio e nossas atividades continuam a todo vapor.
A seção regional Sul-Sudeste expandiu a busca por parcerias e, no momento, contamos com 69 participantes, dentre integrantes da equipe e colaboradoras voluntárias, distribuídas nas 3 nucleações criadas. Assim, somos 30 na Nucleação 1, que se dedica a indicadores e trajetórias de mulheres nas ciências; 29 na Nucleação 2, voltada a iniciativas e políticas de enfrentamento a violências nas IES; 10 na Nucleação 3, dedicada à divulgação científica. Embora haja uma escolha principal por área de atuação, muitas de nós também participamos de duas ou das três nucleações, já que os pontos de interesse são múltiplos e interconectados.
Nossa rede abrange pesquisadoras e pesquisadores dos estados de São Paulo (21), Rio Grande do Sul (16), Santa Catarina (13), Minas Gerais (9), Paraná (4), Rio de Janeiro (3) e Espírito Santo (2) – aqui dispostos por ordem de concentração, da maior para menor frequência. Contamos também com a participação de uma pesquisadora pertencente ao Conicet – Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas da Argentina. Notamos que, na Nucleação 1, as paulistas são maioria, enquanto na Nucleação 2 predominam as gaúchas e catarinenses e, na N3, SP e SC são os estados mais frequentes.
Em nossa dinâmica de formalização de parcerias, as colaboradoras voluntárias preenchem um formulário para fins de cadastro, assinam um Termo de Adesão, e as coordenadoras do Observatório enviam um Atestado de Participação, vínculo esse que pode – e deve – ser mencionado nos currículos Lattes de cada pesquisadora. Mas tudo começa com o já conhecido método “bola de neve”, partindo da indicação ou convite de alguém já pertencente ao projeto. Dessa forma, nossa rede tem se expandido a partir de relações próximas, que permitem a criação de novos laços acadêmicos e de interesse comum, muitas vezes inesperados e gratificantes. Os grupos de e-mails e de WhatsApp continuam sendo a principal forma de nos comunicarmos no dia-a-dia. No entanto, realizamos reuniões periódicas das nucleações para discutir atividades a serem realizadas conjuntamente e também participamos de seminários de pesquisa, onde trocamos experiências e nos alimentamos das perguntas, inquietações e descobertas umas das outras.
Do início do ano para cá, realizamos quatro reuniões gerais: em 26 de fevereiro, 25 de abril, 06 de junho e 25 de junho. Em nossos encontros, todos online, demos encaminhamentos operacionais como sugestões de ferramentas de gestão, ideias para o novo site do Observatório, planejamento de apresentação de trabalhos, lançamento de livros, entrevistas e treinamentos. Está prevista para o próximo semestre – e aguardamos ansiosamente – uma oficina a ser ministrada por Rebeca Feltrin, desenvolvedora do software de Análise Interseccional de Perfil (AIP), que já nos trouxe inovadoras considerações em nosso Boletim anterior.
Uma das novidades deste ano foi o início de nossos encontros de pesquisa no Seminário do Observatório Caleidoscópio, onde diversas integrantes tiveram a oportunidade de compartilhar seus estudos desenvolvidos nas temáticas relacionadas às nucleações 1 e 2. A sessão de abertura ocorreu no dia 25 de abril, com a apresentação da bolsista de pós-doutorado do INCT Caleidoscópio, Lia Gomes P. Sousa, sobre aspectos de sua tese acerca das primeiras pesquisadoras do Instituto Oswaldo Cruz (Rio de Janeiro), que iniciaram suas carreiras entre 1938 e 1968. O trabalho, desenvolvido na Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz e defendido em dezembro de 2023, aborda o fenômeno mais amplo da profissionalização científica de mulheres no Brasil.
As sessões seguintes passaram a ocorrer sob o formato de atividade de extensão, intitulada 1º Seminário de Pesquisa do Observatório Sul Sudeste do INCT Caleidoscópio, oferecida pelo Núcleo de Estudos de Gênero Pagu/Unicamp e Laboratório de Estudos de Gênero e História-Legh/UFSC, entidades que coordenam o Observatório Sul Sudeste. Na sessão de 23 de maio, Daiane Rossi, professora da Universidade Franciscana (UFN), deu continuidade à temática anterior, abordando a presença institucional das cientistas brasileiras em meados do século XX. A professora Cris Cavaleiro, da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), por sua vez, abriu os trabalhos referenciados na nucleação 2, apresentando sua experiência de pesquisa sobre violência de gênero na universidade pública.

A última sessão deste semestre ocorreu em 28 de junho, conduzida pela doutoranda da Unicamp, Gabriela Marino Silva, e pelo professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Diego Costa Mendes. Gabriela nos apresentou sua pesquisa sobre a inclusão de mulheres em STEM a partir das matemáticas no Brasil e na França, e Diego retomou o debate sobre enfrentamento do assédio no ambiente universitário em nosso país. Todas as atividades ocorreram online e ao vivo, com entusiasmado debate, e a gravação das sessões foram disponibilizadas no Youtube e divulgadas em nossas redes sociais. Em julho fizemos uma pausa em função do Seminário Internacional Fazendo Gênero 13, evento obrigatório para todas nós, mas já temos a agenda de nosso Seminário de Pesquisa para os meses de agosto a novembro de 2024. Os trabalhos apresentados deverão ser reunidos em forma de artigos e submetidos a dossiê de periódico especializado.
Outra inovação do Observatório foi o Workshop: Bases de dados cientistas no Brasil, ministrado pelo analista de dados e bolsista do INCT, Humberto Ribeiro de Souza, em 19 de junho. A atividade abordou diferentes repositórios de informações relativas à vida acadêmica e científica do país, desde as já conhecidas até as mais recentes, como o “Painel Lattes – Formação e Atuação”, lançado em março deste ano. A oficina apresentou diversas perspectivas de abordagens, ferramentas de busca, limites e possibilidades de pesquisa, especialmente no que se refere à criação de indicadores sobre a participação feminina na ciência. Assim como o Seminário, o evento suscitou amplo debate e fez sucesso entre a audiência, que tem contado, em média, com 20 participantes por sessão.
Quanto às ações mais amplas do Observatório, logo no início do ano, em São Paulo, nossa mais recente pós-doc. a ingressar no grupo, Mirlene Fátima Simões, acompanhou a Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada em 7 e 8 de março para refletir sobre os desafios e contribuições do Estado para a agenda nacional de CT&I. Em artigo próprio no Boletim, ela nos conta mais detalhes sobre essa experiência. No mesmo mês, no dia 13 de março, as coordenadoras do Observatório Sul Sudeste participaram e mediaram sessões na Conferência Livre do INCT Caleidoscópio, de abrangência nacional, na qual discutimos as realizações do 1° ano de existência do INCT, a permanência da discussão sobre gênero na ciência, além de anunciarmos o lançamento da 1a. Edição de nosso Boletim. As atividades, realizadas em lives na parte da manhã e da tarde, foram gravadas e estão disponíveis no nosso canal do Youtube. As representantes do Observatório também tiveram ampla participação no Seminário Internacional Pagu 30 anos, ocorrido de 18 a 21 de março na Unicamp, apresentando trabalhos, integrando e mediando mesas.
De abrangência local, a pós-doc. Lia Sousa, também ingressa neste ano, proferiu palestra com o tema “Questões de gênero na ciência” no Colégio Técnico de Campinas da Unicamp – Cotuca, no âmbito do projeto de extensão InterCocen/Unicamp, em 14 de maio. Sob coordenação das professoras Karla Bessa e Margaret Lopes, temos também atuado com a comunidade universitária em atividades relacionadas à Rede de Mulheres Acadêmicas da Unicamp, Seminário de pós-graduandos do IFCH, Cine Pagu (que contou, dentre outras sessões, com a difusão da 13a. Mostra de Cinema e Direitos Humanos promovida pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania), e contatos com cientistas comprometidas com o incentivo e divulgação científica entre meninas e mulheres, como a astrônoma e geóloga planetária da Nasa, Rosaly Lopes.
Mediante projeto Pibic/CNPq, atuamos também na Iniciação Científica de 3 jovens alunas do ensino médio da rede pública de Campinas (SP), estimuladas no letramento e socialização no ambiente universitário. Tais atividades têm sido consideradas como um laboratório para nossa próxima inovação tecnológica: a criação da Incubadora Social Feminista do Observatório Caleidoscópio – Sul/sudeste, que está em fase de idealização.
Além da submissão de artigos e propostas em congressos diversos, a fim de divulgar a experiência de pesquisa e desenvolvimento no âmbito do INCT Caleidoscópio, nossa mais recente atividade foi a finalização do novo site do Observatório Caleidoscópio que abrigará as atividades das coordenações Sul/Sudeste, Norte-Nordeste e Amazônia Legal e Centro Oeste. O site está agora definitivamente hospedado no endereço institucional da Unicamp. A página impulsionará a difusão de notícias, divulgação de eventos, “pílulas” informativas sobre trajetórias, indicadores e equipamentos de combate ao assédio, além de atuar como repositório de obras sob a perspectiva feminista e de gênero.
Muita coisa fizemos e muito mais está por vir. Sigamos em rede e em ação!
Coordenação: Joana Pedro (UFSC), Karla Bessa (UNICAMP) e Margaret Lopes (Unicamp).
Pós-doutorandas: Lia Gomes Pinto de Sousa (Inct-Caleidoscópio/Unicamp), Morgani Guzzo (Inct-Caleidoscópio/UFSC) e Mirlene Simões (INCT-Caleidoscópio/Unicamp).
Bolsistas de Apoio: Humberto Ribeiro (Unicamp), Pedro Ordones (UFSC) e Adriana Lippi (Unicamp).

Lia Gomes Pinto de Sousa é pós-doutoranda do INCT Caleidoscópio. Possui graduação em História pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp (2004), mestrado em História das Ciências e da Saúde pela Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz (2009) e doutorado pela mesma instituição (2023).