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Imagem atual: Uma das sessões de GT do INCT Caleidoscópio no Fazendo Gênero de 2024 com participação de pesquisadoras do Comitê Executivo, Coordenação, pós-doutorandas e pesquisadoras nucleadas nas diversas regiões. Foto: Acervo do INCT Caleidoscópio.

Chegamos à metade do percurso do INCT Caleidoscópio com alegria e entusiasmo. São dois anos e meio de um projeto coletivo que vem se expandindo com força e imaginação crítica pelos quatro cantos do país. O Instituto de Estudos Avançados, que surgiu do desejo de enfrentar da universidade, consolida-se hoje como uma rede de pesquisa viva, diversa e em movimento.

Nosso primeiro Encontro Nacional, realizado no final de 2024, reuniu pesquisadoras de diferentes regiões do Brasil e de países como Argentina, Uruguai, Inglaterra e Espanha. Os Anais desse encontro testemunham a vitalidade dos debates e a densidade das experiências compartilhadas.

Com a criação do Observatório Caleidoscópio, estruturado em coordenações regionais, temos avançado na produção de indicadores e na escuta qualificada de trajetórias e políticas que interpelam as estruturas de exclusão no ensino superior e na pesquisa. Após a implantação piloto no Sul-Sudeste, neste primeiro semestre de 2025 estamos organizando as coordenações do Centro-Oeste e da região Norte/Nordeste e Amazônia Legal. Entre as prioridades discutidas coletivamente pelas coordenações regionais, estão o aprofundamento da coleta de dados sobre a presença de quilombolas e indígenas nas universidades brasileiras, ainda escassos nas bases oficiais, e a construção de indicadores que articulem justiça climática, gênero e territorialidades. Esses movimentos reforçam o compromisso do Observatório com uma ciência diversa, interseccional e atenta às urgências do nosso tempo.

Além das ações regionais, o Observatório Caleidoscópio também esteve presente no Primeiro Encontro Nacional de Observatórios sobre Mulheres, realizado em março de 2025 e organizado pelo Grupo de Pesquisa Estado, Gênero e Diversidade (Egedi) da Fundação João Pinheiro. Representado por Margaret Lopes, Tchella Fernandes, Mirlene Simões e Flávia Belmont, o Observatório Caleidoscópio participou dos debates e contribuiu para a criação da Rede Nacional de Observatórios, que articula instituições vinculadas a universidades, ministérios, secretarias e casas legislativas. Como desdobramento, foi proposta a criação de um protocolo colaborativo para coleta de dados, um calendário de reuniões periódicas e um comitê gestor compartilhado. Essa articulação reforça o compromisso do INCT com a formulação de políticas públicas orientadas por evidências e comprometidas com a equidade de gênero.

O mesmo impulso organizativo orienta o trabalho das Incubadoras Sociais. Depois da implantação pioneira da Incubadora Feminista Antirracista Norte/Ne/AM Legal – voltada à presença, permanência e formação de mulheres quilombolas nas universidades –, estão sendo estruturadas novas iniciativas: no Centro-Oeste, com foco em mulheres indígenas nas ciências e com bolsistas indígenas; e na Unicamp, em parceria com estudantes negras e migrantes do ensino médio, por meio de um projeto que desenvolve uma inteligência artificial inspirada por uma ecosofia feminista.

Nesta edição do boletim, compartilhamos também relatos das atividades realizadas entre outubro de 2024 e maio de 2025 pelas três nucleações regionais. Um dos destaques é o depoimento de uma estudante indígena da UnB, que participou do 1º Seminário Regional de Consulta do projeto Tecendo Direitos: construindo uma estratégia nacional para indígenas LGBTQIA+. Essa ação se articula ao trabalho da Rede Arandu – Povos Indígenas, Gênero e Sexualidade, vinculada ao INCT-Caleidoscópio, que tem atuado na produção de metodologias participativas, na elaboração de relatórios de direitos humanos e na escuta ativa de lideranças e coletivos indígenas LGBTQIA+. Entre as ações recentes da Rede, destacam-se também sua participação no programa Bem Viver + e no Acampamento Terra Livre (ATL), fortalecendo as vozes indígenas nos debates sobre justiça climática e políticas públicas interseccionais.

A seção de Dicas Caleidoscópicas, que no número anterior estava centrada em publicações, agora se amplia e traz sugestões de filmes, exposições, conferências e práticas que nos ajudam a imaginar e construir uma universidade/ciência plural, sensível e comprometida com a crítica à colonialidade do saber e do poder.

Nesta edição inauguramos o momento Conversas em Rede com a convidada Jaqueline Gomes de Jesus, nossa aliada desde a constituição da Rede de Pesquisa Feminista, Transfeminista, Antirracista, Interdisciplinar e Decolonial e que esteve conosco na inauguração da nossa sede em Brasília. Jaqueline é graduada, mestre e doutora em psicologia, professora do Instituto Federal do Rio de Janeiro, pesquisadora e escritora e se tornou a primeira mulher trans a receber o Prêmio Bertha Lutz, concedido pelo Senado Federal a mulheres que se destacam na luta pela igualdade de gênero. Quem animou a conversa foi nossa pós-doc Inara Fonseca, uma das editoras deste Boletim. Nela, Jaqueline compartilha conosco um pouco de sua trajetória e visões de mundo.

Esperamos que o conteúdo aqui apresentado seja uma janela aberta para comunicação entre e além das nossas redes e para o compromisso ético-político que nos move. A cada boletim, oferecemos não apenas um registro de atividades, mas um convite para partilhar dos caminhos que temos traçado, caso se entusiasme em fazer parte de uma de nossas nucleações, pode nos procurar.

Boa leitura!

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